Os avanços tecnológicos vêm acontecendo com frequência cada vez maior na nossa sociedade.
E, com eles, transformamos a nossa maneira de nos portamos, de consumirmos informações e até de nos relacionarmos uns com os outros.
Diante da quarta revolução — a revolução digital —, tem sido mais e mais difícil encontrar setores da nossa vida que não foram completamente mudados, em maior ou menor medida.
Então por que seria diferente com a educação?
O digital ganha força e, com ele, surgem os efeitos da cultura digital no ensino, sobretudo com o fortalecimento da modalidade à distância.
Mas que efeitos são esses? E o que é, de fato, essa cultura digital?
Para conhecer melhor o assunto, entender como essa cultura afeta a educação e quais são as características dessa nova modalidade de ensino, basta continuar lendo este texto!
O que é cultura digital?
Para dar uma definição direta, podemos dizer que a cultura digital é o conjunto de transformações e comportamentos ocasionados pelo uso de ferramentas digitais.
Isto é: são as práticas possibilitadas pelo uso da tecnologia no cotidiano.
Não é incomum pensarmos que a cultura digital surge junto com a internet.
No entanto, quando essas novas tecnologias passam a fazer parte do mundo, elas ainda não constituem, de fato, uma “cultura” — afinal, o seu uso é limitado a grupos e contextos muito exclusivos.
É só com a popularização dos computadores e da internet que passamos a criar, de fato, uma cultura digital.
E, hoje em dia, grande parte da nossa vida acontece através da tecnologia, seja com smartphones, seja com outros aparelhos cotidianos.
Cada vez mais, estamos passando a existir dentro da tecnologia — basta pensarmos, por exemplo, no conceito do metaverso.
Qual a diferença entre cultura e cultura digital?
Para a antropologia, a cultura pode ser definida como um conjunto de comportamentos, atividades e padrões sociais que representam um grupo de pessoas — isto é, uma sociedade.
Nesse sentido, a cultura e a cultura digital não são conceitos tão diferentes assim.
Afinal, a cultura digital também representaria uma série de comportamentos específicos, compartilhados por todos os usuários de uma tecnologia em comum.
A principal diferença entre as duas coisas está no fato de que a cultura digital diz respeito ao ambiente digital, mediado pela tecnologia, enquanto a cultura pura e simples existe também fora deste espaço.
Isso significa que mesmo pessoas de diferentes culturas podem compartilhar uma mesma cultura digital.
Afinal, elas estão restringidas a regras que se aplicam a um espaço que pode ser acessado de qualquer lugar do mundo, e a qualquer momento.
Como a cultura digital afeta a educação?
A cultura digital transformou todas as áreas da nossa vida de maneira profunda, seja com novas formas de pensar e agir, seja através de um maior contato com pessoas diferentes.
Na educação, essa mudança se reflete sobretudo nas metodologias e modelos educacionais.
A modalidade de ensino à distância, principal efeito da cultura digital na educação, ganhou um destaque muito significativo, especialmente quando pensamos no ensino superior.
Nos últimos 10 anos, o número de matrículas EaD aumentou em mais de 400% — e a tendência é continuar assim.
O EaD é um resultado direto da cultura digital porque se baseia no uso da tecnologia para a manutenção das aulas.
No entanto, ele também se comunica com outras mudanças possibilitadas por essa cultura, como a perda de espaço do ensino tradicional e a ascensão das metodologias ativas.
O modelo de sala de aula em que o professor é a figura central e os alunos recebem conhecimento passivamente não funciona mais, e o ensino EaD possibilita a transformação desse espaço de forma dinâmica.
Nele, o aluno se torna o principal agente do seu processo de aprendizagem, e, portanto, tende a se identificar e engajar mais com os conteúdos.
Nesse sentido, a educação digital revoluciona o próprio processo de ensinar e aprender, transformando por completo a maneira como enxergamos e entendemos a sala de aula e a educação.
Quais são as características do Ensino a Distância?
Para entender melhor como o Ensino a Distância se relaciona de maneira profunda com a cultura digital, é preciso conhecer as suas principais características.
Veja, abaixo, algumas delas.
Vale lembrar, contudo, que o EaD pode acontecer tanto de maneira completa, quanto a partir da modalidade de aula semipresencial.
1. Uso da tecnologia
A base do Ensino a Distância está no uso da tecnologia. Sem ela, não seria possível ministrar as aulas, organizar os materiais didáticos ou reunir os alunos.
E, para um grupo de alunos formado cada vez mais pelos chamados “nativos digitais”, essa metodologia ligada de maneira íntima à tecnologia é muito interessante, além de familiar.
2. Flexibilidade
Outra grande vantagem do Ensino a Distância é a flexibilidade oferecida aos alunos.
Nessa modalidade, as aulas não necessariamente acontecem de forma síncrona, o que possibilita conciliar os estudos com outras responsabilidades e vontades do estudante.
Além disso, o aluno pode optar por estudar nos momentos em que está mais focado, construindo um horário funcional para a sua realidade e contexto.
3. Metodologias ativas
As metodologias ativas também estão no cerne da modalidade EaD. Afinal, elas partem do princípio de que o aluno é o centro do processo de aprendizagem e, portanto, orientam o ensino a partir das suas necessidades pessoais.
É neste cenário que surgem técnicas como a gamificação, a personalização do ensino e a aprendizagem baseada em problemas.
4. Uso de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)
Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem são fundamentais para a manutenção do EaD.
É por meio deles que professores podem postar tarefas e materiais complementares, criar atividades que valem nota e fóruns para debate.
Também é através dessas plataformas que os alunos entram em contato com colegas de turma e monitores, para tirar dúvidas e criar vínculos.
5. Comunicação assíncrona
A comunicação assíncrona é uma característica muito presente no ambiente profissional atual, e também é importante quando pensamos no EaD.
Afinal, com a flexibilidade de horários, cada turma pode assistir a aulas e fazer tarefas em seu próprio tempo.
Desse modo, é essencial que as plataformas, avaliações e professores contemplem essas diferenças de prazos.
6. Autonomia do estudante
Por fim, é essencial que o estudante da modalidade EaD desenvolva a sua autonomia.
Isso porque ele será o principal responsável pelo seu processo de ensino-aprendizagem, precisando definir momentos de estudo e de lazer, e gerir suas prioridades da maneira mais adequada.
Mestre em Letras, doutoranda em Literatura Portuguesa pela UFRJ e Analista de Marketing na Melhor Plano.